terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Meu primeiro amor

Parecia apenas mais uma noite de inverno, com as mesmas pessoas, mesmo lugar, mesmas obrigações.. ficar em pé por algumas horas segurando um pedaço de madeira marchando não me parecia uma boa atividade para uma menina de 12 anos de idade, mas a necessidade de chamar a atenção e conhecer pessoas novas fez com que eu passasse por cima de algumas de minhas prioridades para por um pouco mais de aventura em minha vida. E então foi naquela simples noite de inverno que tudo começou. Para mim o seu sorriso era encantador, sua voz linda, suas brincadeiras as mais engraçadas, seu jeito o mais malandro e a maneira como ele me vazia sorrir com bobeiras fez com que cada vez mais eu o quisesse por perto. No começo com a minha meninisse, medo, infantilidade eu parecia uma boba. Eu que tantas vezes achei ter encontrado "meu primeiro amor", não soube bem ao certo quais atitudes tomar quando eu realmente me deparei com ele, quando a gente encontra nosso primeiro amor de verdade é muito mais confuso. Aos poucos fui tentando me aproximar, então tive coragem de falar diretamente com ele, encara-lo logo para ter certeza de que não era apenas mais uma coisa do meu coração em sismar que eu tenho um amor. Ao ficar frente a frente tudo o que saiu foi um '' Oi, te adicionei no Orkut '' rs Meio tolo, meio sem jeito, não sentia meus pés tocando o chão, meu coração batia tão forte que nem falar eu conseguia, andar?! o que era isso? fiquei imóvel, com medo de dar um passo e cair de cara no chão.. meus pensamentos faziam tantos barulhos e em meio de segundos mil coisas se passaram pela minha cabeça,até que então ele me perguntou '' Qual o seu nome? '' .. respondi e sai, na incerteza se tinha feito a coisa certa ou não e com medo de ter deixado transparecer toda a minha insegurança e infantilidade. O tempo foi passando, e ficar marchando segurando um pedaço de madeira me era uma coisa muito boa, pois eu tinha a presença dele ao meu lado. Minhas amigas logo se empolgaram com minha nova paixão, e logo deram um jeito de fazer com que eu o beijasse. Sabe quando a gente é criança e está descobrindo o que é se sentir atraído por alguém?! era exatamente assim. Antigamente beijar na boca era motivo de contar para as amigas, era aqueles beijos escondidos porque os pais não podiam saber, era adrenalina rs. Bom, de fato ele aceitou sair comigo, uma menina legal, bonitinha, arrumadinha e ele no auge da sua fama de garotão.. ''pegar'' mais uma ''novinha'' não atrapalharia sua vida em nada, mas eu ao conhecer o ''garotão'' da escola, não era um final muito bom que se esperava. Então rolou a primeira ficada, é engraçado como até hoje eu consigo imaginar e viver tudo aquilo de novo. Era um dia meio chuvoso, todos estavam ensaiando dentro da escola, e no intervalo eu o vi saindo e me chamando, fiquei confusa, com medo de ir e minhas amigas me empurrando mandando eu ir logo, só que eu não tinha a minima noção do que fazer lá, tinha medo de parecer uma menina boba, enquanto outras mais velhas podiam ''tomar o meu lugar'', mas fui..  lembro que seu bigode me espetou e eu achei seu beijo horrivel, rs.. foi meu 3ª beijo, e isso ainda era um pouco nojento para mim. Fiquei com vergonha até de falar com ele no dia seguinte, e minha imaturidade fez com que ele se afastasse, até que então quando decidi voltar atras era um pouco tarde, descobri que ele estava namorando, tinha acertado algumas coisas pendentes com uma menina mais velha. E ao escorrer a primeira lágrima por aquele menino eu tive a certeza de que eu o tinha encontrado.. ele era ''meu primeiro amor''. Passou-se agosto, setembro, outubro.. até que vejo aquela mudança de relacionamento, que por puro egoísmo de minha parte me deixou feliz, fez com que minhas esperanças voltassem. Mas passou-se novembro, dezembro, janeiro, fevereiro e nada. Aquilo só crescia cada vez mais dentro de mim, e cada vez mais eu tinha a certeza de que eu menos importava para ele. Passei a estudar de manhã, aumentando assim as minhas esperanças, minha sorte foi grande e minha sala era do lado da dele, então eu podia admira-lo enquanto ele passava. Eu sentia cada vez mais a necessidade de beija-lo novamente, mesmo que tenha sido horrível, isso não fazia diferença para mim, abri o jogo e por algum motivo ele me aceitou. Passou-se março,abril,maio,junho,julho,agosto,setembro.. de muitos rolos, muitas crises, muitos choros, mas não desisti, eu queria porque queria ele junto a mim, mas não conseguia.. desisti, levantei bandeira branca, abri mão de tudo o que tinha imaginado, e o deixei seguir o caminho que ele escolheu para ele. Até então que tive uma surpresa. Em uma noite de jogos estudantis, quando eu ao menos se quer olhava para seu rosto, ele me chamou dizendo '' preciso conversar com você '', minha cabeça dizia que ''não'', e até minha boca pronunciou essa palavra, mas por dentro meu coração berrava por um ''sim'' e bastou só mais um pedido de ''por favor, só me escuta'' para eu me render. Saímos do meio da gritaria das torcidas e fomos para uma quadra escura, no meio do nada, sentamos no chão e logo logo eu já tinha esquecido tudo o que acontecido.. e foi nesse dia que tudo realmente começou.. dia 03/10/2007. Começamos a nos conhecer de verdade, eu me tornei a senhora Rachel Vitória Bastos de Moraes Gomes de Andrade e tive ele como meu marido. Todos começavam a saber, passamos a matar aulas para ficarmos juntos, e quando não matávamos as professoras já sabiam o que eu queria fazer quando pedia para ir ao banheiro. Eu estava feliz, de verdade. Me sentia completa, e achava o máximo o carinha do 3º ano andar de mãos dadas com a novinha da 7ª série. As pessoas zombavam, riam, me falavam coisas ruins, mas eu não me importava, eu já estava apaixonada demais para me importa com o que os outros iam dizer, já tinha sofrido demais para abrir mão logo que eu tinha ''conseguido''. Ele foi pra mim uma conquista. Uma coisa que eu quis de verdade e consegui. Começamos a trocar telefonemas intermináveis nas madrugadas, depoimentos todos os dias, conversas no msn, nossas famílias já sabiam e um mês tinha se passado, até que em meio de uma crise um pedido inesperável e não aguardado chegou em meus ouvidos. '' Você quer namorar comigo, Rachel? '' ao ouvir essas palavras eu não acreditei, eu não consigo nem expressar aqui o que eu senti, minha mãe diz que meus olhos brilharam na hora que cheguei em casa e falei '' Mãe, pai.. estou namorando '' . Era tão bom dormi e acorda com a certeza de que eu era especial para alguém, era muito bom entrar no álbum de fotos dele no orkut e ver a legenda '' A única s2 ", era muito bom ter sido a única para ele, que eu fiz ele ser o único para mim também, no dia 07/02/2008, eu nunca desejei tanto ser de alguém como eu fui dele, cada toque, cada beijo, cada arrepio me fazia querê-lo cada vez mais, e eu juro que eu não quis que isso acabasse.. mas como sempre as crises estavam presentes, e eu com medo de perde tudo aquilo que eu tinha sofrido para conseguir acabei sendo uma chata, uma ciumenta descontrolada, uma brigona, reclamona, e fiz tanto que até perdi. O meu primeiro amor se encantou com outra menina depois de 8 meses ao meu lado e me deixou. Perdi o chão, não via mais sentido de continuar viva, não suportava a ideia de não dormi tranquila me sentindo única para ele, sem que eu pudesse controlar as lágrimas escorriam pelo meu rosto, e num piscar de olhos tudo foi indo por água a baixo. Ele sempre ia embora, mas por algum motivo sempre voltava e depois ia de novo. E cada vez mais ia abrindo-se um buraco em meu peito, e cada vez mais eu me sentia magoada e cansada. Comecei a meter o pé na jaca, fazer merda atras de merda, comecei a querer me vingar e tentar fazer com que ele sentisse toda a dor que eu senti um dia, mas ele simplesmente não se importava. Fui deixando de ser com o tempo a menina ingênua, inocente, pura e feliz que era ao lado dele,  aprendi a enlouquecer a cabeça de outros garotos e fazer com que eles me desejassem, mas nada disso me deixava feliz. Entre brigas e desencontros fiquei 4 meses sem meu primeiro amor, com apenas doces recordações dos momentos ótimos que tivemos, das loucuras que fizemos, e dos prazeres que ele sabia me proporcionar. Quando a raiva passa, fica no peito apenas um vazio, uma saudade, uma dor. Então decidimos tentar novamente, e durou mais 3 meses até que meu primeiro amor encontrou uma nova garota. Eu até entendo os motivos pelos quais ele quis me deixar, só acho que faltou um pouco mais de respeito por tudo o que passamos juntos. Foi a ultima vez que eu o tive como namorado, depois disso vieram muitas recaídas e muitas magoas de ambas as partes, nos perdemos de vez, e pelo menos em mim eu tenho a certeza de que o que restou são doces lembranças de cada detalhe que tenho em minha memória. Apesar das minhas atitudes podres e minha cegueira por querer uma ''vingança'' , por querer que ele passe tudo o que eu passei, eu aprendi com ele que a vingança nunca diminui a frustração de um ego abalado, mas pode ser doce quando saboreada propriamente. Hoje tenho 17 anos, e ele 21 eu acho, quando o conheci era apenas uma menino de 15 anos. São 6 anos de história. Hoje ele se firmou em um novo relacionamento, eu também já tive outro, mas que foi um fracasso. Ele não está mais com  a menina que me trocou, parece que ele encontrou seu outro novo primeiro amor, as vezes eu o encontro por aí, em algumas festas, em algum lugar que todos vão, as vezes nos mesmos nos encontramos e matamos a saudade de todo esse tempo, a gente sabe como reviver os velhos tempos muito bem, ele ainda é a pessoa que me faz sentir única, e eu acho que ainda sou a única que consegue enlouquece-lo. E o tempo vai passando e não tenho a mínima ideia de como isso vai termina, enquanto isso me dói ler conversas, emails, lembrar de promessas que eu tenho quase certeza que jamais serão cumpridas, continuo na incerteza se algum dia vou encontrar um novo primeiro amor, que me faça perder a cabeça tanto quanto ele me fez. Lembro dele com muita saudade, do tempo que a gente se completava e sei que daqui a 50 anos eu ainda vou tremer dos pés a cabeça ao ouvir o seu nome.